Sistema para mergulhadores agora também com navegação via satélite

Uma nova era na navegação subaquática

Os sistemas globais de navegação por satélite (como o GPS e o Galileo) revolucionaram a forma como navegamos por terra, ar e mar. No entanto, para quem se aventura abaixo da superfície, como mergulhadores e pesquisadores marinhos, a realidade ainda é bem diferente.

A navegação subaquática sempre foi um desafio. Normalmente, mergulhadores dependem de pontos geográficos, bússolas e experiência prática para se orientar. Embora existam conceitos de posicionamento baseados em sonar (tecnologia que usa ondas acústicas), esses sistemas são caros, complexos e podem causar ruídos prejudiciais ao ecossistema marinho.

Foi pensando em superar essas limitações que um grupo de pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Graz, na Áustria, desenvolveu um sistema de posicionamento subaquático inovador. A proposta combina precisão, sustentabilidade e praticidade, abrindo caminho para uma nova forma de navegar nas profundezas do oceano.

Como funciona o sistema

O novo sistema utiliza boias inteligentes que flutuam na superfície da água. Cada boia identifica sua localização com base em satélites de navegação tradicionais e, em seguida, emite sinais eletromagnéticos para o ambiente subaquático.

Esses sinais são recebidos por um equipamento especial usado pelo mergulhador, permitindo que ele visualize sua posição em tempo real — tudo isso sem causar danos à vida marinha.

Uma pequena tela instalada dentro da máscara exibe o mapa e as coordenadas, ajudando o mergulhador a encontrar caminhos, evitar áreas restritas e retornar ao ponto de partida com segurança. Além disso, o sistema permite que equipes na superfície saibam exatamente onde o mergulhador está, um avanço essencial para situações de emergência.

Sustentável e seguro para os animais marinhos

Uma das principais preocupações do projeto foi desenvolver um sistema que não interferisse no comportamento dos animais subaquáticos. Para garantir isso, os pesquisadores monitoraram trutas arco-íris douradas, conhecidas por sua sensibilidade a ruídos e estímulos externos.

Durante os testes com diferentes níveis de potência de transmissão, as trutas não apresentaram nenhum comportamento anormal, tanto durante quanto após os experimentos. O acompanhamento prolongado mostrou que não houve efeitos negativos nem mesmo meses depois, confirmando que a nova tecnologia é segura para o ecossistema.

Desafios e avanços

Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe foi calcular a propagação dos sinais eletromagnéticos debaixo d’água. A condutividade, salinidade, temperatura e profundidade da água influenciam diretamente a eficiência dos sinais, exigindo um trabalho detalhado de modelagem e ajustes constantes.

Mesmo assim, os resultados são promissores. Os pesquisadores já conseguiram transmitir sinais a mais de 150 metros de distância, e planejam aprimorar o sistema para operar com eficiência em profundidades de até 100 metros.

Com a evolução dessa tecnologia, mergulhadores poderão contar com uma ferramenta de navegação precisa e confiável, semelhante ao GPS, só que adaptada ao ambiente subaquático.

Um passo importante para o futuro do rastreamento

Essa inovação mostra como a tecnologia de posicionamento e rastreamento continua se expandindo para novos horizontes ou, neste caso, novas profundezas.

Soluções como essa reforçam a importância da integração entre segurança, sustentabilidade e conectividade, princípios também presentes em sistemas modernos de rastreamento terrestre, como os utilizados pela Polaris Rastreamento.

Referência

Artigo: Accuracy Evaluation of a Wave Monitoring System by Testing the Hydraulic Performance of Portable Low-Cost Buoys
Autores: Susanne Scherbaum, Robin Härtl, Franziska Hübl, Philipp Berglez, Josef Schneider
Revista: Water — Volume 17, Edição 9
DOI: 10.3390/w17091345